Multiplicação Vs Jesus anda sobre as águas

Amadas irmãs,

 

Hoje gostaria de conversar sobre duas passagens muito conhecidas, mas que poucos percebem como estas estão interligadas entre si! As duas passagens são: ‘a multiplicação de pães e peixes’ e ‘Jesus (e Pedro) andam sobre as águas’. Você pode estar imaginando “as duas são milagres, está aí a correlação", mas devo te dizer que não para aí, temos muito que aprender com estas passagens juntas! Vamos lá?

 

Para um maior proveito da meditação, leia Mateus 14:13-33 (o relato das duas passagens).

 

Só que vou brevemente resumir o que acontece antes, pois o contexto é muito importante para a meditação. Nos versículos anteriores temos a morte de João Batista, sua cabeça foi entregue numa bandeja de prata para a filha de Herodias. No entanto, o foco se dá no versículo 12: “Então, vieram os seus discípulos, levaram o corpo, o sepultaram; depois, foram e o anunciaram a Jesus”.

 

Então temos o relato da multiplicação dos pães e peixes a partir do versículo 13. E agora, sabendo do contexto, entendemos o que se passa no versículo 13: “Jesus, ouvindo isto, retirou-se dali num barco, para um lugar deserto, à parte…”. A pessoa que o batizou acabara de ser decapitada. Jesus, em forma de homem, passou por tudo o que passamos, Ele sofreu para que pudéssemos encontrar nEle o alívio para nossos sofrimentos. Ele tinha o total direito de se afastar de todos para ficar sozinho naquelas horas de dor. O Senhor Jesus foi um Homem como todo homem, Ele sentiu, Ele não era isento de ver a crueldade deste mundo, muito pelo contrário, Ele deveria sentir muito mais que a gente, enquanto na terra Ele podia confirmar que ninguém era merecedor do que Ele veio aqui fazer. Entretanto, as pessoas estavam sedentas por Ele, na continuação do versículo 13 temos: “sabendo-o as multidões, vieram das cidades seguindo-o por terra”. Irmãs, peço que vocês visualizem um grande lago num mapa. A travessia do barco te leva de uma ponta a outra, enquanto o percurso da terra era muito mais extenso, pois você teria que percorrer toda a borda. E foi isso que a multidão fez. Eles estavam dedicados a ouvir o que Aquele homem que operava milagres teria a falar, eles se esforçaram para chegar até lá. Jesus poderia simplesmente falar: “eu me ausentei porque estou sofrendo com as coisas que se passam nesse mundo cruel, não posso dar atenção a vocês hoje”, mas foi isso que Ele fez? Não! Ele se compadeceu deles e curou os enfermos. Ele era e continua sendo a solução de todos os nossos problemas, anseios, e muitas vezes não queremos dar 1 passo sequer em sua direção. A multidão sabia que para encontrá-lo teria que ir até Ele. E nós também, temos que nos humilhar e prostrar-nos na sua palavra, tendo comunhão com os irmãos, frequentando lugares em que podemos aprender dEle.

 

Continuando nossa passagem vemos que os discípulos estavam preocupados com o lugar ser deserto e o passar da hora, e muitas vezes nós agimos assim, temos preocupações legítimas. Mas se focarmos em nossas preocupações, por mais legítimas que elas sejam, talvez não desfrutemos das bênçãos que estão à nossa volta, ou dos milagres que acontecem. Muitas pessoas estavam sendo abençoadas e prestes a vivenciar um dos milagres de Jesus mais famosos da história, mas será que os discípulos tinham isto em mente? Que possamos orar e entregar nossas preocupações a Deus, confiados que Ele já escreveu a história, só temos que descansar nos seus maravilhosos caminhos para conosco.

 

Que dia maravilhoso, que milagre que Jesus fez, mas será que Ele parou por aí? Será que Ele não tinha nenhum recado especial para os discípulos? Mesmo eles presenciando todo o ocorrido durante o dia, Jesus sabia que os discípulos precisavam de mais, e é por isso que o relato não acaba aí.

 

Então chegamos a nossa segunda passagem. Jesus sabia que a multiplicação de pães e peixes era necessária para a multidão, mas que para outros, Ele precisava fazer um pouco mais, e por isso Ele compele os discípulos a embarcar e passar adiante para o outro lado enquanto ele se despedia das multidões (vers. 22). Jesus queria que os discípulos fossem na frente, sem Ele, porque o que iria gerar transformação na vida daqueles homens naquele dia ainda estava por vir. Eu não quero focar o relato todo de Pedro nesta história, pois não quero me delongar muito, mas destacando o versículo 26: “os discípulos, ao verem-no andando sobre as águas, ficaram aterrados e exclamaram: É um fantasma! E, tomados de medo, gritaram.” Jesus estava trabalhando no interior de TODOS que estavam no barco. Às vezes imagino, Jesus ouvindo ser chamado de fantasma, Ele bem que poderia cair numa gargalhada e falar “olha o que a imaginação faz com vocês”. Mas mais uma vez, como muitas passagens, Ele fala sobre não temer, porque Ele sabe que nós tememos. As vezes é até cômico, quantas passagens falam “não temas” e parece que nós lemos “temais”, porque é isso que nós fazemos, tememos os diferentes fantasmas da vida (um desemprego, uma decepção amorosa, ter um filho rebelde, passar necessidades, agradar os outros, ficar sozinho entre outros medos). No entanto, o que Jesus fez imediatamente? “Tende bom ânimo! Sou eu. Não temais!” Que possamos nos deparar com Jesus quando se tratam dos diversos fantasmas da vida, podendo clamar, eu não temo, eu tenho bom ânimo por causa de Jesus, que está comigo até a consumação do século!

 

Continuando, muitas pessoas acham que Jesus estava tratando com Pedro nesta passagem, mas não. Ele estava tratando com TODOS que estavam no barco, Ele só estava utilizando a vida de Pedro, a personalidade de Pedro. E muitas vezes Deus faz isto, Ele utiliza nossas fraquezas, nossas personalidades, nossas lutas, para um propósito maior, para alcançar outros que estão assistindo-nos na tempestade. O ápice dessa meditação ocorre no último versículo: “E os que estavam no barco o adoraram, dizendo: Verdadeiramente és Filho de Deus!” (vers. 33). Que lição temos neste capítulo, um longo dia, cheio de acontecimentos, quem diria que da morte de João Batista culminaríamos na adoração, no verdadeiro conhecimento de que Ele era o filho de Deus. Jesus sabia que não era através da multiplicação dos pães e peixes que os que estavam no barco viriam a crer verdadeiramente nele como filho de Deus, e por isso já existia um plano perfeito de utilizar a primeira passagem para se desencadear na segunda e terminar desse jeito maravilhoso, tratando do medo daqueles que estavam no barco. Que possamos ver todas as circunstâncias da vida, e acima de tudo, afirmar: “Verdadeiramente Jesus é filho de Deus”.