Um Objetivo por Trás

Queridas irmãs, como já dito anteriormente, quero compartilhar as palavras do irmão Joe Wilson na conferência de Alvorada, como já fiz a primeira parte, daremos continuidade com a segunda parte:

Mi Ometto

 

Domingo – 20/11/2022

Manhã, encontro da assembleia local reunida no bairro Pilarzinho

Ontem eu falei sobre Marcos 4, onde os discípulos passaram por um teste em que deviam passar para o outro lado do mar, e de fato passaram para o outro lado. Hoje eu quero falar de Marcos 5, sobre por que eles passaram para o outro lado.

Leiamos Marcos 5:1–20:

 

1 E chegaram ao outro lado do mar, à província dos gadarenos. 2 E, saindo ele do barco, lhe saiu logo ao seu encontro, dos sepulcros, um homem com espírito imundo; 3 o qual tinha a sua morada nos sepulcros, e nem ainda com cadeias o podia alguém prender; 4 porque, tendo sido muitas vezes preso com grilhões e cadeias, as cadeias foram por ele feitas em pedaços, e os grilhões em migalhas, e ninguém o podia amansar. 5 E andava sempre, de dia e de noite, clamando pelos montes, e pelos sepulcros, e ferindo-se com pedras. 6 E, quando viu Jesus ao longe, correu e adorou-o. 7 E, clamando com grande voz, disse: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Conjuro-te por Deus que não me atormentes. 8 (Porque lhe dizia: Sai deste homem, espírito imundo.) 9 E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? E lhe respondeu, dizendo: Legião é o meu nome, porque somos muitos. 10 E rogava-lhe muito que os não enviasse para fora daquela província. 11 E andava ali pastando no monte uma grande manada de porcos. 12 E todos aqueles demônios lhe rogaram, dizendo: Manda-nos para aqueles porcos, para que entremos neles. 13 E Jesus logo lho permitiu. E, saindo aqueles espíritos imundos, entraram nos porcos; e a manada se precipitou por um despenhadeiro no mar (eram quase dois mil), e afogaram-se no mar. 14 E os que apascentavam os porcos fugiram, e o anunciaram na cidade e nos campos; e saíram a ver o que era aquilo que tinha acontecido. 15 E foram ter com Jesus, e viram o endemoninhado, o que tivera a legião, assentado, vestido e em perfeito juízo, e temeram. 16 E os que aquilo tinham visto contaram-lhes o que acontecera ao endemoninhado, e acerca dos porcos. 17 E começaram a rogar-lhe que saísse dos seus termos. 18 E, entrando ele no barco, rogava-lhe o que fora endemoninhado que o deixasse estar com ele. 19 Jesus, porém, não lho permitiu, mas disse-lhe: Vai para tua casa, para os teus, e anuncia-lhes quão grandes coisas o Senhor te fez, e como teve misericórdia de ti. 20 E ele foi, e começou a anunciar em Decápolis quão grandes coisas Jesus lhe fizera; e todos se maravilharam.

Os discípulos não sabiam para que estavam atravessando o mar, apenas sabiam que deviam fazê-lo; mas o Senhor Jesus sabia desde o princípio: havia um indivíduo que ele devia alcançar. Ah, os discípulos mal podiam imaginar: tudo o que passaram foi por causa de uma pessoa que estava do outro lado, para quem o Senhor Jesus atentava antes mesmo de esse indivíduo O conhecer. Era uma pessoa possuída de um espírito imundo, a qual, logo que saíram do barco, chegou confrontando Jesus: “Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Conjuro-te por Deus que não me atormentes”. Maldito espírito, que possuía uma pessoa que aqueles ao seu redor procuravam apenas prender. Que esse homem não os incomodasse, que permanecesse nos sepulcros, se ferindo com cacos, mas “que não nos perturbe”! Como numa plaquinha de quarto de hotel, “Do not disturb”, não perturbe.

Jesus estava ali por ele, não para criticar, não para falar “faça isso ou aquilo que vai melhorar”, mas: Eu te curo, Eu te liberto.

Mas vejamos como o espírito imundo falou a Jesus quando O viu e, claro, O reconheceu — Marcos 5:7: “Jesus, Filho do Deus Altíssimo”. Compare com os discípulos em Marcos 4, no barco, último versículo: “Mas quem é este [...]?”. Percebem? Com razão o Senhor lhes apresentou o fato, estupefato: Como pode ser? Como pode? “Como não tendes fé?” “Por que estais tão temerosos?” Se nós conhecêssemos de fato o Senhor... Ah!Se O conhecêssemos como afirmamos conhecê-Lo.

Eles nos provará, nos testará, de acordo com a fé que professamos, para sondar o que vai nos nossos corações, e nos provará para que sejamos aprovados, aprovados de fato (não como na escola, muitas vezes, em que o professor deve empurrar o aluno, independentemente do que ele demonstre ter aprendido ou não, passar apenas por passar). E nos provará até que tenhamos aprendido a lição, se não, não passaremos naquele teste. Teremos de repetir. Se não aprendemos, ele nos testará de novo, e de novo, naquele mesmo problema nosso, naquela circunstância que não aprendemos a enfrentar, nos dando lição na escola de Deus. Mas quer nos aprovar de primeira. Se não, na segunda tentativa, na décima, centésima ou enésima vez, quando aceitarmos o que Ele nos dá para fazermos como Ele ensinou.

O espírito, expulso por Jesus mediante as palavras “Sai deste homem, espírito imundo”, pediu que ao menos pudessem ir para os porcos que por ali pastavam — criação de algum homem, ou de uma sociedade de negócios, que lucravam com a criação daqueles animais, sendo quase dois mil. Jesus lhe permitiu, e eis que “entraram nos porcos; e a manada se precipitou por um despenhadeiro no mar (eram quase dois mil), e afogaram-se no mar” (versículo 13). Os que apascentavam os porcos fugiram dali e anunciaram, “na cidade e nos campos”, o que havia acontecido. Quando todos chegaram, ficaram sabendo de tudo o que acontecera, oras… expulsaram Jesus. Jesus expulsou o inimigo: “Sai, espírito imundo”; os homens expulsaram Jesus: “Sai”. Jesus saiu. Ele não fica mesmo onde não é bem-vindo. Mas cumpriu aquilo para o que tinha vindo.

O homem que fora endemoninhado pediu para estar com Jesus, ir com Ele, mas Jesus pediu, mandou, que ele ficasse, ou melhor: que fosse para casa, e anunciasse quão grandes coisas Deus lhe fez. (Deus em pessoa, na terra.) Em vez de permitir que o agora discípulo (não só salvo, mas discípulo já) fosse com Ele, viu algo melhor para ele fazer no curto período na terra, em benefício de muitos: anunciar, isto é, falar, relatar, mostrar com testemunho; e no lugar mais difícil de testemunhar é que ele devia começar a falar da vida cristã, da vida com Cristo: no seu lar. Pois o lugar mais hostil para o cristão ser quem é de fato em Cristo, esse lugar não é o mundo, não é a igreja, mas a própria casa é o ambiente mais desafiador para mostrar a vida cristã.

Só que continuemos lendo: este testemunho de um indivíduo, aquele um por quem o Senhor parou, é o que fez com que em Seu retorno, tempos depois, um capítulo depois, Ele não fosse mais expulso daquele lugar, mas agora, quando parou por lá, atravessando o mar: “saindo eles do barco, logo o conheceram; e, correndo toda a terra em redor, começaram a trazer em leitos, aonde quer que sabiam que ele estava, os que se achavam enfermos” (Marcos 6:54-55). O que fez com que o expulso agora fosse recebido calorosamente, sendo reconhecido por Seu poder e graça de tal maneira que lhe traziam os enfermos de toda parte? É! Uma pessoa, uma testemunha, alcançada tempos antes, segundo o desígnio e predeterminado conselho de Deus (ao qual homem algum era permitido sondar, nem os discípulos junto a Ele podiam entender todo esse propósito; assunto de Deus, a cada um cabe obedecer, com alegria e fé, no que lhe é revelado).

Mas vamos seguir mais um pouco.

Os indivíduos ficaram bravos com Jesus. Eles viviam num ambiente em que um endemoninhado violento morava nas tumbas. Mas, quando viram o ex-endemoninhado “assentado, vestido e em perfeito juízo”, “temeram”. Tiveram medo daquele que agora estava assentado (o que mostrava que estava contente, satisfeito, sem temor; assentado), vestido (pois antes dilacerava tudo, as correntes, suas roupas, não podia estar vestido em ordem), e em perfeito juízo (aquele que está sob influência demoníaca não está são, mas, em Deus, agora o homem tinha perfeito juízo, sanidade, refletida na paz que agora vemos na situação em que se encontra). Apesar de tudo o que passou, apesar de tudo o que, exteriormente, ainda passa agora, o homem que fora endemoninhado estava assentado, vestido e no seu perfeito juízo. Os homens do lugar tiveram medo, ficaram com raiva pelos porcos que se foram (pouco importava o homem salvo) e mandaram Jesus para longe.

Os porcos eram animais imundos para o povo terreno de Deus, os amados judeus. Lemo-lo em Levítico 11:7: “Também o porco, [...] este vos será imundo”. E a terra de Gade, ou província dos gadarenos, é a de uma daquelas tribos que, quando Deus disse, “Dou-lhes esta terra, Canaã, passem para esta terra que mana leite e mel, ela é de vocês agora”, eles disseram: “Não passaremos! Preferimos ficar deste lado do Jordão, veja a terra aqui, é boa para o nosso gado” (Números 32). Ok, eles decidiram ficar ali para cuidar do gado, mas agora estavam criando... porcos! Podemos estar em um lugar no qual dizemos para Deus, “eu fico aqui porque posso fazer isso de bom, e aquilo, é um bom lugar para minha situação”, estamos apascentando gado, ou assim dizemos, mas acabamos por sustentar porcos, coisas imundas, em nosso terreno. Se Deus tivesse que, daquele mesmo modo como fez com os porcos em Gadara, tirar de nós à força aquilo que Lhe desagrada, como ficaríamos com Ele? Irritados, brabos? Que pensemos sobre o que seria de nós, e de nossa relação com Deus, se Deus nos arrancasse aqueles porcos que podemos estar criando, pelos mais diversos motivos ou desculpas. Se não damos ouvidos, é uma expulsão do Senhor do nosso território.